Visto que este tipo de tópicos já foi feito várias vezes, para outros filmes, penso não haver problema. Caso haja, peço as minhas desculpas.
Gostava de começar por sublinhar que o que se segue é apenas uma opinião sobre tudo (ou apenas algumas coisas) que têm andado à volta do filme. Não procurei superiorizar-me ou mostrar que a minha simples opinião é a mais correcta. Não procurei atacar ninguém pessoalmente.
Como sabem, o Avatar já é o segundo maior box office de todos os tempos, e tem sido alvo de várias críticas negativas. Uns dizem que é cópia do não-sei-quê (o mais apontado é o Dances with Wolves, muitas vezes mencionado como Dances with the Wolves – veja-se já a inteligência de algumas críticas); outros dizem que o score faz lembrar o score do filme não-sei-quê; outros dizem que os efeitos especiais não são os melhores que já viram; outros, ainda, dizem que a história é completamente simples e previsível; outros dizem que os seres (todos eles) não são criação do James Cameron, mas sim cópia de um jogo qualquer, ou de um filme de mil novecentos e troca o passo. Com tanta crítica, pergunto-me: porque é que este filme me agradou tanto e a milhares de pessoas?
Sim, talvez a história não seja megamente bombástica, algo nunca antes visto, no seu concentrado. Mas a quem me diz que o filme não presta por causa deste aspecto, peço-lhe: cria-me uma história completamente inovadora, nunca antes vista, que agrade milhares de pessoas e que se torne épica. Obviamente que não obtenho resposta.
Quanto ao Dances with Wolves... nunca vi, confesso. Talvez seja idêntica, a história. Não sei. Mas não consigo deixar de me interrogar... se é assim tão bom, porque não é uma referência imediata a filmes que mais marcaram as pessoas?
O score, tal como a história, pode fazer lembrar (forçadamente ou não) outros scores de outros filmes. Mas faço a mesma pergunta: porque é que um score como aquele não beneficiou esses outros filmes (os quais 99% dos que apontam este aspecto não sabem dizer quais são – apenas dizem, porque outros disseram) de tal forma que os tornasse tão conhecidos e bem-sucedidos?
Quanto aos efeitos especiais... cada um tem a sua opinião. Tendo em conta que 85% do filme é CGI, fiquei mais que satisfeito.
“Ah, a história era completamente previsível. Já se estava à espera que o Jake fosse o salvador da pátria que foi para lá apenas para salvar os Na’vi, como que por ordem do Destino”. Ora, isto sim é ser-se básico. Se pensarmos realmente, o Jake não é nenhum salvador da pátria, nenhum Moisés. Não é nenhum Toruk Macto. Tal como a Neytiri disse, o Toruk escolheu o avô do avô dela. O Jake foi escolhido por um ikran (banshee). O que o Jake fez foi tomar a tal medida drástica que fazia todo o sentido na vida dele – contrariou a ordem natural dos acontecimentos e domou o Toruk, movido pelo facto de o Toruk Macto ser uma figura muito respeitada pelos Na’vi. Assim, conseguiria dar-lhes esperança e força para combaterem e defenderem-se. Afinal, o que é que é básico aqui? A história ou o pseudo-crítico? Aliás, quando é que as pessoas se apercebem que fazer algo 100% original é impossível e nunca será um sucesso? Queriam que acontecesse o quê? Que os Na’vi perdessem a batalha? Será que o filme ia ser tão adorado como está a ser? Seria um sucesso mundial? O que o Avatar é é um clássico modernizado – uma história vista várias vezes mas que nos prende e a qual adoramos.
É muito fácil mandar a baixo o que tem sucesso, procurando defeitos. Mas ninguém tinha capacidade de o fazer. Se o que o James Cameron fez foi juntar vários elementos que já existiam, porque é que nenhum outro realizador teve essa ideia e fez algo do género? Será que o sucesso do filme reside apenas nestes “plágios disfarçados”? Não. O sucesso de todo o filme reside na forma como tudo está construído – está na forma como os “plágios” foram interligados, como tudo se desenrola. Sim, a história pode não ser 100% nova, o score pode lembrar outros e etc., mas tudo junto tem o sucesso que está a ter.
“Isso é um filme fácil, para pessoas facilmente impressionáveis. Tem uma história fraca e previsível”, dizem. É isto que é especialmente irritante. Porque certas pessoas nem dão uma oportunidade àquilo que, à partida, terá sucesso garantido – estes costumo apelidar de pseudo-selectivos. Curioso é que, depois, perguntamo-lhes por um filme verdadeiramente bom, e respondem-nos algo tipo “Transformers”. Querem tanto destacar-se e mostrar que não “comem” o que todos adoram que depois caem no ridículo.
Claro que todos temos o direito de ter a nossa opinião própria e de não gostar. Podemos dizer que não é o tipo de filme pelo qual nos sentimos mais atraídos, entre outros. Mas, quando se diz que não se gosta, e se desata a dissecar o filme da forma "padrão", então é escusado.
Não posso deixar de comentar a opinião do Vaticano. Para que é que ainda se dão ao trabalho de dar a vossa opinião? Acho que vos devia ser prioritário renovar os valores da igreja (com o devido respeito).
Se ninguém se guia pela opinião destes senhores, porquê continuar a comentar os filmes, como se fossem críticos de cinema? Está visto que, se não estiver de acordo com as interpretações que eles fazem da Bíblia (verdadeiras ou não), o filme é mau.
O que é certo é que o filme vale o que vale. É um trabalho muito bom, feito para nos alertar da actualidade terrena, que nos leva a repensar os nossos ideais. Quer gostem, quer não, é um filme que ficará para a História. Demasiado sensacionalista? Penso que não.
Chamem-me facilmente impressionável. Não me vou importar
