Sendo as coisas o que são
Moderador: jamlvs
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Sendo as coisas o que são
Meus amigos, é só um desabafo!
<b>”Não percebo, nem quero perceber, que tenha que incomodar amigos, dar jeitos, torcer a espinha, pedir favores ou meter cunhas para aceder àquilo a que tenho direito.”</b>
<i>Sendo as coisas o que são, temos de passar a vida a dar jeitos, a torcer a espinha, a pedir favores, a meter cunhas.
Aconteceu-me a mim e conto, porque posso, mas, sobretudo, porque é paradigmático.
Descontando toda a vida para a segurança social, resolvi, um destes dias, ir ao centro de saúde da área de residência saber como é que fazia para ter um médico de família.
Disseram-me que não podia. Que, se fosse uma urgência, podia ir lá às oito horas da manhã buscar uma senha para uma consulta. Se ainda houvesse senhas…
Pensei que, se tivesse uma urgência, mais do que provavelmente não iria ao centro de saúde, reclamei como devia. E vou tratar de saber o que posso fazer para, ou não pagar um serviço que não tenho, ou como fazer para ter um serviço que pago. É verdade que posso fazer de outras maneiras, porque tenho recursos para tal. Mas não percebo, nem quero perceber, que tenha que incomodar amigos, dar jeitos, torcer a espinha, pedir favores ou meter cunhas para aceder àquilo a que tenho direito. Na mesma altura, uma amiga, mãe de três filhos pequenos, explicava-me como um deles ia ter que ficar por aí, aos cuidados de quem se dispusesse a isso, porque não o consegue colocar em nenhum dos infantários em que estava inscrito. Aparentemente, a criança sobra, está a mais. Na vida dos pais, que não têm mais dinheiro para lhe darem um colégio privado, e na vida da sociedade, que acha normal que uma criança possa não ter onde ficar enquanto os pais trabalham. Tudo isto, embora real, é inimaginável. Não imagino, nem quero imaginar, como será o sentimento de desprotecção e abandono, além dos óbvios de injustiça e de indignação, de todas as pessoas para quem a saúde que temos, a justiça que temos, respondem, pela boca de um funcionário cansado, que não se lhes pode aceder, porque sim.
Sendo as coisas o que são, teremos de aprender e ensinar aos nossos filhos que o mundo é kafkiano e que, portanto, não existem relações lógicas ou de casualidade entre acontecimentos e que, assim sendo, apenas nos temos a nós mesmos.
É isto que queremos? É a lógica do contrato social?
Tudo isto, e muito mais, é revoltante!</i>
<b>m&m</b>
<b>”Não percebo, nem quero perceber, que tenha que incomodar amigos, dar jeitos, torcer a espinha, pedir favores ou meter cunhas para aceder àquilo a que tenho direito.”</b>
<i>Sendo as coisas o que são, temos de passar a vida a dar jeitos, a torcer a espinha, a pedir favores, a meter cunhas.
Aconteceu-me a mim e conto, porque posso, mas, sobretudo, porque é paradigmático.
Descontando toda a vida para a segurança social, resolvi, um destes dias, ir ao centro de saúde da área de residência saber como é que fazia para ter um médico de família.
Disseram-me que não podia. Que, se fosse uma urgência, podia ir lá às oito horas da manhã buscar uma senha para uma consulta. Se ainda houvesse senhas…
Pensei que, se tivesse uma urgência, mais do que provavelmente não iria ao centro de saúde, reclamei como devia. E vou tratar de saber o que posso fazer para, ou não pagar um serviço que não tenho, ou como fazer para ter um serviço que pago. É verdade que posso fazer de outras maneiras, porque tenho recursos para tal. Mas não percebo, nem quero perceber, que tenha que incomodar amigos, dar jeitos, torcer a espinha, pedir favores ou meter cunhas para aceder àquilo a que tenho direito. Na mesma altura, uma amiga, mãe de três filhos pequenos, explicava-me como um deles ia ter que ficar por aí, aos cuidados de quem se dispusesse a isso, porque não o consegue colocar em nenhum dos infantários em que estava inscrito. Aparentemente, a criança sobra, está a mais. Na vida dos pais, que não têm mais dinheiro para lhe darem um colégio privado, e na vida da sociedade, que acha normal que uma criança possa não ter onde ficar enquanto os pais trabalham. Tudo isto, embora real, é inimaginável. Não imagino, nem quero imaginar, como será o sentimento de desprotecção e abandono, além dos óbvios de injustiça e de indignação, de todas as pessoas para quem a saúde que temos, a justiça que temos, respondem, pela boca de um funcionário cansado, que não se lhes pode aceder, porque sim.
Sendo as coisas o que são, teremos de aprender e ensinar aos nossos filhos que o mundo é kafkiano e que, portanto, não existem relações lógicas ou de casualidade entre acontecimentos e que, assim sendo, apenas nos temos a nós mesmos.
É isto que queremos? É a lógica do contrato social?
Tudo isto, e muito mais, é revoltante!</i>
<b>m&m</b>
- eagle_red
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Não percebo porque tens vergonha em ser português, eu tenho bastante orgulho em ser português e da minha terra.eagle_red Escreveu:apenas duas palavras
"ESTADO" PORTUGUÊS!!!![]()
![]()
tenho vergonha deste país e principalmente de ser português...![]()
![]()
Mas agora o problema é o que nos governa, e não a terra em que vivemos. E é esse governo que estraga esta terra.
- meekie
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Lá o orgulho em ser PORTUGUÊS tenho e MUITO.
Agora orgulho nos nossos governantes e ajudantes e mais não sei o quê, é que está mais dificil.
É tudo uma cambada de... Enfim, nem sei o que lhes chamar porque pessoas assim nem merecem que pensemos nelas, quanto mais arranjar nomes ou adjectivo para os classificar.
Mas, infelizmente isto, que a m&m relata é bem verdade e eu tenho conhecimento, por dentro pois trabalho numa instituição privada de saúde e mesmo lá é um bocado o que acontece.
É O PORTUGAL QUE TEMOS E IREMOS CONTINUAR A TER ENQUANTO NÃO MUDARMOS "AS MENTALIDADES DOS NOSSOS GOVERNANTES".
Agora orgulho nos nossos governantes e ajudantes e mais não sei o quê, é que está mais dificil.
É tudo uma cambada de... Enfim, nem sei o que lhes chamar porque pessoas assim nem merecem que pensemos nelas, quanto mais arranjar nomes ou adjectivo para os classificar.
Mas, infelizmente isto, que a m&m relata é bem verdade e eu tenho conhecimento, por dentro pois trabalho numa instituição privada de saúde e mesmo lá é um bocado o que acontece.
É O PORTUGAL QUE TEMOS E IREMOS CONTINUAR A TER ENQUANTO NÃO MUDARMOS "AS MENTALIDADES DOS NOSSOS GOVERNANTES".
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- LD Supporter
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- Registado: 25 jun 2005, 00:00
O fim da inocência é tramado, bem-vinda ao terceiro-mundo.
Vivemos há mais de 30 anos numa "democracia alternada" que assenta em pilares como a corrupção, o tráfico de influências, o liberalismo e o capitalismo selvagem. E ainda acrescentamos doses enormes de xico-espertismo.
No entanto, quando chega a altura de votar... "Ah, e tal... os outros são pequenitos, nunca poderiam governar, estes são maiores, estes é que podem ganhar..." e vá de pôr a cruz em mais do mesmo.
E depois queixamo-nos.... e depois voltamos a fazer tudo igual.... e voltamos a queixar.... e a repetir....
Cada povo tem o governo que merece!
Vivemos há mais de 30 anos numa "democracia alternada" que assenta em pilares como a corrupção, o tráfico de influências, o liberalismo e o capitalismo selvagem. E ainda acrescentamos doses enormes de xico-espertismo.
No entanto, quando chega a altura de votar... "Ah, e tal... os outros são pequenitos, nunca poderiam governar, estes são maiores, estes é que podem ganhar..." e vá de pôr a cruz em mais do mesmo.
E depois queixamo-nos.... e depois voltamos a fazer tudo igual.... e voltamos a queixar.... e a repetir....
Cada povo tem o governo que merece!
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- Newbie
- Mensagens: 20
- Registado: 27 jun 2005, 00:00
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Não acho que isto seja uma questão de partidos pequenos ou grandes nem apenas de política. É toda esta mentalidade portuguesa. Qualquer um de nós com possiblidade de chegar ao poder faria o mesmo, não sejamos hipócritas.
Isto não passa de um ciclo, os pequenos não produzem o suficiente pq não ganham bem ou pq não têm vontade disso e os grandes querem sempre mais.
Um pouco de frieza nórdica, mais recursos naturais e alguma da vontade de trabalhar asiática e os nossos problemas eram outros.
Isto não passa de um ciclo, os pequenos não produzem o suficiente pq não ganham bem ou pq não têm vontade disso e os grandes querem sempre mais.
Um pouco de frieza nórdica, mais recursos naturais e alguma da vontade de trabalhar asiática e os nossos problemas eram outros.
- mim
- Power User
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- Registado: 01 ago 2005, 00:00
À uns anos atrás, quando de vez enquando ouvia os mais "antigos" dizer, "o que fazia falta era um Salazar", na minha inocência julgava-os errados, no entanto com o passar dos anos e com o estado em que o pais está, já não sei não. Apesar de ser anti-politica, penso que quando um governo não está sujeito a qualquer tipo de pressão, as coisas não funcionam, quer seja pressão como na nossa vizinha Espanha, quer seja uma oposição forte.
Enquanto deixamos fazerem as leis e alterá-las à medida que convém, quando o povo não se manifestar(sim manifestar nem que seja recorrendo à violência), porque caros amigos, como as coisas estão, mais dia menos dia as pessoas vão ser obrigados a roubar para comer, e quando esse dia chegar, ai senhores políticos, o que roubaram neste anos, vão senti-lo na pele.
Situações radicais exigem medidas radicais, e já lá vai o tempo em que se pedia compreensão e para apertarmos o cinto, isso já não resulta.
Enquanto deixamos fazerem as leis e alterá-las à medida que convém, quando o povo não se manifestar(sim manifestar nem que seja recorrendo à violência), porque caros amigos, como as coisas estão, mais dia menos dia as pessoas vão ser obrigados a roubar para comer, e quando esse dia chegar, ai senhores políticos, o que roubaram neste anos, vão senti-lo na pele.
Situações radicais exigem medidas radicais, e já lá vai o tempo em que se pedia compreensão e para apertarmos o cinto, isso já não resulta.