Avatar: uma opinião sobre todo o hype
Enviado: 15 jan 2010, 22:29
Contém spoilers.
Visto que este tipo de tópicos já foi feito várias vezes, para outros filmes, penso não haver problema. Caso haja, peço as minhas desculpas.
Gostava de começar por sublinhar que o que se segue é apenas uma opinião sobre tudo (ou apenas algumas coisas) que têm andado à volta do filme. Não procurei superiorizar-me ou mostrar que a minha simples opinião é a mais correcta. Não procurei atacar ninguém pessoalmente.
Como sabem, o Avatar já é o segundo maior box office de todos os tempos, e tem sido alvo de várias críticas negativas. Uns dizem que é cópia do não-sei-quê (o mais apontado é o Dances with Wolves, muitas vezes mencionado como Dances with the Wolves – veja-se já a inteligência de algumas críticas); outros dizem que o score faz lembrar o score do filme não-sei-quê; outros dizem que os efeitos especiais não são os melhores que já viram; outros, ainda, dizem que a história é completamente simples e previsível; outros dizem que os seres (todos eles) não são criação do James Cameron, mas sim cópia de um jogo qualquer, ou de um filme de mil novecentos e troca o passo. Com tanta crítica, pergunto-me: porque é que este filme me agradou tanto e a milhares de pessoas?
Sim, talvez a história não seja megamente bombástica, algo nunca antes visto, no seu concentrado. Mas a quem me diz que o filme não presta por causa deste aspecto, peço-lhe: cria-me uma história completamente inovadora, nunca antes vista, que agrade milhares de pessoas e que se torne épica. Obviamente que não obtenho resposta.
Quanto ao Dances with Wolves... nunca vi, confesso. Talvez seja idêntica, a história. Não sei. Mas não consigo deixar de me interrogar... se é assim tão bom, porque não é uma referência imediata a filmes que mais marcaram as pessoas?
O score, tal como a história, pode fazer lembrar (forçadamente ou não) outros scores de outros filmes. Mas faço a mesma pergunta: porque é que um score como aquele não beneficiou esses outros filmes (os quais 99% dos que apontam este aspecto não sabem dizer quais são – apenas dizem, porque outros disseram) de tal forma que os tornasse tão conhecidos e bem-sucedidos?
Quanto aos efeitos especiais... cada um tem a sua opinião. Tendo em conta que 85% do filme é CGI, fiquei mais que satisfeito.
“Ah, a história era completamente previsível. Já se estava à espera que o Jake fosse o salvador da pátria que foi para lá apenas para salvar os Na’vi, como que por ordem do Destino”. Ora, isto sim é ser-se básico. Se pensarmos realmente, o Jake não é nenhum salvador da pátria, nenhum Moisés. Não é nenhum Toruk Macto. Tal como a Neytiri disse, o Toruk escolheu o avô do avô dela. O Jake foi escolhido por um ikran (banshee). O que o Jake fez foi tomar a tal medida drástica que fazia todo o sentido na vida dele – contrariou a ordem natural dos acontecimentos e domou o Toruk, movido pelo facto de o Toruk Macto ser uma figura muito respeitada pelos Na’vi. Assim, conseguiria dar-lhes esperança e força para combaterem e defenderem-se. Afinal, o que é que é básico aqui? A história ou o pseudo-crítico? Aliás, quando é que as pessoas se apercebem que fazer algo 100% original é impossível e nunca será um sucesso? Queriam que acontecesse o quê? Que os Na’vi perdessem a batalha? Será que o filme ia ser tão adorado como está a ser? Seria um sucesso mundial? O que o Avatar é é um clássico modernizado – uma história vista várias vezes mas que nos prende e a qual adoramos.
É muito fácil mandar a baixo o que tem sucesso, procurando defeitos. Mas ninguém tinha capacidade de o fazer. Se o que o James Cameron fez foi juntar vários elementos que já existiam, porque é que nenhum outro realizador teve essa ideia e fez algo do género? Será que o sucesso do filme reside apenas nestes “plágios disfarçados”? Não. O sucesso de todo o filme reside na forma como tudo está construído – está na forma como os “plágios” foram interligados, como tudo se desenrola. Sim, a história pode não ser 100% nova, o score pode lembrar outros e etc., mas tudo junto tem o sucesso que está a ter.
“Isso é um filme fácil, para pessoas facilmente impressionáveis. Tem uma história fraca e previsível”, dizem. É isto que é especialmente irritante. Porque certas pessoas nem dão uma oportunidade àquilo que, à partida, terá sucesso garantido – estes costumo apelidar de pseudo-selectivos. Curioso é que, depois, perguntamo-lhes por um filme verdadeiramente bom, e respondem-nos algo tipo “Transformers”. Querem tanto destacar-se e mostrar que não “comem” o que todos adoram que depois caem no ridículo.
Claro que todos temos o direito de ter a nossa opinião própria e de não gostar. Podemos dizer que não é o tipo de filme pelo qual nos sentimos mais atraídos, entre outros. Mas, quando se diz que não se gosta, e se desata a dissecar o filme da forma "padrão", então é escusado.
Não posso deixar de comentar a opinião do Vaticano. Para que é que ainda se dão ao trabalho de dar a vossa opinião? Acho que vos devia ser prioritário renovar os valores da igreja (com o devido respeito).
Se ninguém se guia pela opinião destes senhores, porquê continuar a comentar os filmes, como se fossem críticos de cinema? Está visto que, se não estiver de acordo com as interpretações que eles fazem da Bíblia (verdadeiras ou não), o filme é mau.
O que é certo é que o filme vale o que vale. É um trabalho muito bom, feito para nos alertar da actualidade terrena, que nos leva a repensar os nossos ideais. Quer gostem, quer não, é um filme que ficará para a História. Demasiado sensacionalista? Penso que não.
Chamem-me facilmente impressionável. Não me vou importar
Visto que este tipo de tópicos já foi feito várias vezes, para outros filmes, penso não haver problema. Caso haja, peço as minhas desculpas.
Gostava de começar por sublinhar que o que se segue é apenas uma opinião sobre tudo (ou apenas algumas coisas) que têm andado à volta do filme. Não procurei superiorizar-me ou mostrar que a minha simples opinião é a mais correcta. Não procurei atacar ninguém pessoalmente.
Como sabem, o Avatar já é o segundo maior box office de todos os tempos, e tem sido alvo de várias críticas negativas. Uns dizem que é cópia do não-sei-quê (o mais apontado é o Dances with Wolves, muitas vezes mencionado como Dances with the Wolves – veja-se já a inteligência de algumas críticas); outros dizem que o score faz lembrar o score do filme não-sei-quê; outros dizem que os efeitos especiais não são os melhores que já viram; outros, ainda, dizem que a história é completamente simples e previsível; outros dizem que os seres (todos eles) não são criação do James Cameron, mas sim cópia de um jogo qualquer, ou de um filme de mil novecentos e troca o passo. Com tanta crítica, pergunto-me: porque é que este filme me agradou tanto e a milhares de pessoas?
Sim, talvez a história não seja megamente bombástica, algo nunca antes visto, no seu concentrado. Mas a quem me diz que o filme não presta por causa deste aspecto, peço-lhe: cria-me uma história completamente inovadora, nunca antes vista, que agrade milhares de pessoas e que se torne épica. Obviamente que não obtenho resposta.
Quanto ao Dances with Wolves... nunca vi, confesso. Talvez seja idêntica, a história. Não sei. Mas não consigo deixar de me interrogar... se é assim tão bom, porque não é uma referência imediata a filmes que mais marcaram as pessoas?
O score, tal como a história, pode fazer lembrar (forçadamente ou não) outros scores de outros filmes. Mas faço a mesma pergunta: porque é que um score como aquele não beneficiou esses outros filmes (os quais 99% dos que apontam este aspecto não sabem dizer quais são – apenas dizem, porque outros disseram) de tal forma que os tornasse tão conhecidos e bem-sucedidos?
Quanto aos efeitos especiais... cada um tem a sua opinião. Tendo em conta que 85% do filme é CGI, fiquei mais que satisfeito.
“Ah, a história era completamente previsível. Já se estava à espera que o Jake fosse o salvador da pátria que foi para lá apenas para salvar os Na’vi, como que por ordem do Destino”. Ora, isto sim é ser-se básico. Se pensarmos realmente, o Jake não é nenhum salvador da pátria, nenhum Moisés. Não é nenhum Toruk Macto. Tal como a Neytiri disse, o Toruk escolheu o avô do avô dela. O Jake foi escolhido por um ikran (banshee). O que o Jake fez foi tomar a tal medida drástica que fazia todo o sentido na vida dele – contrariou a ordem natural dos acontecimentos e domou o Toruk, movido pelo facto de o Toruk Macto ser uma figura muito respeitada pelos Na’vi. Assim, conseguiria dar-lhes esperança e força para combaterem e defenderem-se. Afinal, o que é que é básico aqui? A história ou o pseudo-crítico? Aliás, quando é que as pessoas se apercebem que fazer algo 100% original é impossível e nunca será um sucesso? Queriam que acontecesse o quê? Que os Na’vi perdessem a batalha? Será que o filme ia ser tão adorado como está a ser? Seria um sucesso mundial? O que o Avatar é é um clássico modernizado – uma história vista várias vezes mas que nos prende e a qual adoramos.
É muito fácil mandar a baixo o que tem sucesso, procurando defeitos. Mas ninguém tinha capacidade de o fazer. Se o que o James Cameron fez foi juntar vários elementos que já existiam, porque é que nenhum outro realizador teve essa ideia e fez algo do género? Será que o sucesso do filme reside apenas nestes “plágios disfarçados”? Não. O sucesso de todo o filme reside na forma como tudo está construído – está na forma como os “plágios” foram interligados, como tudo se desenrola. Sim, a história pode não ser 100% nova, o score pode lembrar outros e etc., mas tudo junto tem o sucesso que está a ter.
“Isso é um filme fácil, para pessoas facilmente impressionáveis. Tem uma história fraca e previsível”, dizem. É isto que é especialmente irritante. Porque certas pessoas nem dão uma oportunidade àquilo que, à partida, terá sucesso garantido – estes costumo apelidar de pseudo-selectivos. Curioso é que, depois, perguntamo-lhes por um filme verdadeiramente bom, e respondem-nos algo tipo “Transformers”. Querem tanto destacar-se e mostrar que não “comem” o que todos adoram que depois caem no ridículo.
Claro que todos temos o direito de ter a nossa opinião própria e de não gostar. Podemos dizer que não é o tipo de filme pelo qual nos sentimos mais atraídos, entre outros. Mas, quando se diz que não se gosta, e se desata a dissecar o filme da forma "padrão", então é escusado.
Não posso deixar de comentar a opinião do Vaticano. Para que é que ainda se dão ao trabalho de dar a vossa opinião? Acho que vos devia ser prioritário renovar os valores da igreja (com o devido respeito).
Se ninguém se guia pela opinião destes senhores, porquê continuar a comentar os filmes, como se fossem críticos de cinema? Está visto que, se não estiver de acordo com as interpretações que eles fazem da Bíblia (verdadeiras ou não), o filme é mau.
O que é certo é que o filme vale o que vale. É um trabalho muito bom, feito para nos alertar da actualidade terrena, que nos leva a repensar os nossos ideais. Quer gostem, quer não, é um filme que ficará para a História. Demasiado sensacionalista? Penso que não.
Chamem-me facilmente impressionável. Não me vou importar
