O ultimo filme que vi foi:

Antevisão dos filmes mais esperados, críticas, apreciações.

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Mensagem por etiko » 11 out 2013, 17:42

The Sunset Limited(http://www.imdb.com/title/tt1510938/)
Nota: 8,1

Poesia, a pura tragédia. Um filme feito com base na obra de Cormac McCarthy com as excelentes interpretações de Samuel L. Jackson e Tommy Lee Jones, apenas pérolas do cinema como estas poderiam dar a força necessária a este argumento. Samuel L. Jackson até se deu ao luxo de conseguir momentos de representação dignos de filmes com mais acção (no sentido amplo e comum que esta pode adquirir no mundo do cinema) que este.
É um filme que já queria ver há muito tempo, até já tinha visto o seu início, o que fez com que ficasse ainda mais interessado por vê-lo. Apenas ainda não o tinha feito pois a oportunidade prendia-se ao momento exacto, vê-lo sozinho e com a disposição e atenção conjugadas na medida certa.
Agora que o vi confirmei o que já expectava, ficando contente por não acabar com uma qualquer fantochada. Admito que tal acontecimento não lhe tiraria a força e o impacto que pode causar, pois é um daqueles filmes que vale pelo seu desenrolar, todo o seu conteúdo, e não apenas pelo grand finale.
É um argumento filosófico, com sustento na religião pois esta é a melhor forma de explorar a essência do bem e do mal, sendo esta dualidade a base dela bem como a da luta constante que vivemos, o que rege todos os nossos actos e escolhas. Chamemos-lhe religião ou apenas uma conversa/discussão. Acabamos por estar perante problemas relacionados com a ética, aos quais não podemos fugir pois, tendo ou não consciência destes, estamos perante eles em todos os momentos, tal Deus omnipresente.
Em jeito de nota pessoal futura, quero ainda salientar que perante todos os factos apresentados – os quais abrangeram desde factos mais palpáveis e banais, as verdades/dúvidas existenciais para as quais não existem respostas certas, manterse-ão dúvidas intemporais (?) –, acabei por sentir mais - como o filme nos encaminha através dos vários “truques” banais de edição como a música por exemplo –, teve um maior impacto, o desprender de todo o senso comum e crenças que suportam o querer, quais bengalas do dia-a-dia, para que assim as consiga absorver mais profundamente, de forma contraditória, ajudando a torná-las mais intrínsicas e parte do rumo facilitador escolhido.
São apenas dois homens a discutir o que já muitas vezes, e por muitos, foi discutido. Quem extrair, das partes, apenas truísmos estará a tirar, do todo, o mesmo que tirei extraindo em cada uma destas momentos de reflexão, escolher o caminho em vez da temerosa possibilidade de existir uma réstia de razão no fim do mesmo.
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Mensagem por etiko » 14 out 2013, 10:48

The Iceman(http://www.imdb.com/title/tt1491044/)
Nota: 7,1

Quando vi o filme “Mud”, estava à procura deste nível de actuação, deste registo, por parte de Michael Shannon, mas não o teve por o papel atribuído não o permitir. Fiquei contente por neste filme ele ter o mesmo registo que em Boardwalk Empire, era mesmo isto que eu procurava.
O primeiro ponto positivo vai logo para o facto deste filme se basear numa história verídica. Um filme acerca de um assassino a soldo que trabalha, maioritariamente, para a máfia italiana – mais pontos positivos visto serem temas que me interessam.
Todo o filme conjugado com as notas finais faz com que fiquemos a par de quem foi Richard Kuklinski, não apenas o que fez mas, também, a sua personalidade. Todo o perfil da personagem a interpretar vai de acordo à imagem que tenho deste actor, a qual provém da sua prestação na série referida acima. Ele demonstra um certo “autismo”, uma abstenção de sentimentos com a maioria das pessoas mas, ao mesmo tempo, consegue ter noção da sua personalidade e, assim, “limá-la” para que tenha afeição por algo/alguém. Digo “limar” porque não é algo que lhe seja inato – a afeição, os sentimentos no geral -, quase que se obriga ter afeição, pelo menos para mim isto é o que transparece. Será por ser o que é comummente aceitável ou porque toda a gente precisa de um significado para andar no mundo quando a capacidade de pensar logicamente ainda se mantém minimamente intacta? A isto não posso responder concretamente.
Contamos com a presença de grandes actores (Winona Ryder, Chris Evans, Ray Liotta, James Franco, John Ventimiglia, …) que nos trazem personagens muito boas. Juntamente com a boa história de que já falei, penso ser a conjugação perfeita para se ter um bom filme. Não estava à espera de tanto, foi uma boa surpresa.
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Mensagem por etiko » 14 out 2013, 13:04

No Country for Old Men(http://www.imdb.com/title/tt0477348/)
Nota: 6,8

Ao fazer o post do filme “The Sunset Limited” descobri que este filme também é baseado numa obra de Cormac McCarthy, desta vez um romance. Começo a sentir uma tendência deste autor em explorar as escolhas das pessoas, certos dilemas intemporais da nossa vida, prendendo-se sempre na eterna discussão da separação/comparação do bem e do mal, a problemática da ética.
Contando também este filme com a participação de Tommy Lee Jones, e sob a realização dos irmãos Cohen, chega-nos um filme em que a sua acção se desenrola a partir de uma situação quase que sem sentido, semelhante ao que muitas vezes as histórias Grindhouse nos trazem, algo simples onde se possa trabalhar realmente os toques de mestre como a construção de certas personagens, planos espectaculares e o tal humor típico deste estilo. Neste filme pode-se dizer que essa situação é “dar água a um pobre necessitado”. É como se esta fosse apenas uma “desculpa” que, à partida, não possui grande importância, sendo usada apenas como o despoletar da acção. Apesar de que no meu ponto de vista demonstra uma característica base da personagem Llewelyn Moss (Josh Brolin), o facto de ele seguir as suas convicções, a sua moral, o que condiciona as suas acções ao longo do filme – ou seja, não é apenas uma “desculpa”.
Em relação aos planos, são-nos oferecidos alguns mesmo muito bons, o que cumpre a máxima de que a história deve ser contada o máximo possível através da imagem. Dois dos planos que mais gostei foram o das marcas das botas do agente da autoridade no chão da esquadra e o que acompanha os binóculos dos olhos ao ombro da personagem, como se a lente destes fosse a camera.
É engraçado que já fui com esta ideia de ver onde o filme poderia revelar um estilo Grindhouse, visto que me já tinham referido esse facto. Não queria ser influenciado – apesar de que neste momento seja difícil saber se fui ou não – e sei que existem mesmo partes que apelam a este estilo – mantém-se a questão de se teria reparado nisto “sozinho” -, desde a personagem Anton Chigurh (Javier Bardem), a certos planos de violência e, ainda, aos diálogos que vão de encontro ao tipo de humor referido.
No final, fiquei positivamente impressionado com mais um filmes desta dupla que faz sempre Cinema, apesar de não achar um grande filme (também por ter expectativas um pouco mais elevadas em relação a este filme), tem sempre muita qualidade em todos os aspectos avaliados.
Concordo com filmes com final aberto quando exploram um tema que nos faça pensar e que vamos absorvendo ao longo do filme sem que o seu final seja o mais importante (o exemplo mais recente é o “The Sunset Limited”). No entanto, este filme, apesar de nos dar que pensar em alguns dilemas no seu desenrolar, tem uma necessidade de se afirmar com um bom final por o seu ponto forte ser a história, na minha opinião.
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Mensagem por etiko » 22 out 2013, 12:02

Donnie Brasco(http://www.imdb.com/title/tt0119008/)
Nota: 7,7

Al Pacino e Johnny Depp. Em termos de actuação não vale a pensa perder muito tempo pois está quase tudo dito na primeira frase deste parágrafo. Tudo bem, posso ainda acrescentar Michael Madsen, Bruno Kirby e Robert Miano, por exemplo.
Este filme é baseado em factos verídicos contando-nos a história de Donnie Brasco, nome de infiltrado do agente Joseph D. Pistone, que fez parte da Operação “Donnie Brasco” entre 1976 e 1981.
Tal como no filme “The Iceman” temos a conjugação perfeita: grandes actores, história baseada em factos verídicos e o mundo da máfia italiana.
Os ambientes onde a máfia se movimenta estão muito bem retratados – os bares com bilhar, usados como ponto de encontro e “quartel”; os armazéns, que eles assaltam e com quem negoceiam; as ruas vazias de Brooklyn, Nova Iorque, propícias a mais assaltos – bem como o seu guarda-roupa e, ainda, o seu estilo de vida. O mundo da Máfia Italiana está lá todo perfeitamente retratado ao estilo Hollywood, gosto! (É raro na mesma frase estar “Hollywood” e “gosto”, tenho de usar mais vezes Hollywood, secalhar.).
O que adorei neste filme foi a forma como me agarrou. Mesmo sabendo que era baseado numa história verídica, queria que o rumo da história se alterasse, já não é a primeira vez que acontece e é um bom sinal, pois revela que entramos mesmo na história. Quase que se pode utilizar a palavra “sofrimento” para descrever o que comecei a sentir na parte final do filme, tal era a curiosidade, o desejo de que tudo fosse como comecei a especular. Só com grandes actuações como a de Johnny Depp e Al Pacino, conseguimos usufruir de momentos destes (não deixando obviamente de fora os restantes actores que, em conjunto, reforçam toda esta “realidade”), de forma tão intensa. Para reforçar esta ideia, juntemos estas às outras pérolas do cinema (como são exemplo as do filme “The Sunset Limited”).
Em suma, grande filme de máfia, juntamente com os extras do dvd, ficamos a conhecer melhor o que viveu este agente durante a sua infiltração neste mundo.
Quero ainda deixar a nota de que estou extremamente grato pelas remasterizações para Blu-ray de clássicos como este.
Última edição por etiko em 22 out 2013, 16:26, editado 1 vez no total.
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Mensagem por etiko » 22 out 2013, 12:06

Tropa de Elite(http://www.imdb.com/title/tt0861739/)
Nota: 7,4

Outro filme que vi no canal Hollywood e, mais uma vez, um dos grandes filmes do cinema brasileiro (tendo como referencia comparativa o filme “A Cidade de Deus”).
Este filme explana a problemática das favelas, usando como foco central uma equipa do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Este “esquadrão” faz intervenções de risco nas favelas quando a polícia dita como “normal” se vê perante situações descontroladas, ou seja, quando já não possuem os recursos – tanto armamento, como equipamentos e, ainda, a nível táctico – para resolver certa situação.
A história baseia-se na procura de um substituto por parte do Capitão Nascimento (Wagner Moura) para a sua função de chefe, de uma das equipas do BOPE, devido a um grande acontecimento na sua vida, o nascimento do seu filho. Todos os problemas provenientes da preocupação para com a sua função, a forma como o Capitão Nascimento se entrega ao desempenho desta, ultrapassando os limites, quando necessário, para fazer prevalecer a justiça. Ele é a figura da esperança, apesar de ser difícil passar essa imagem ao povo, pois o BOPE pertence ao “lado dos maus”, é uma força policial.
São-nos apresentadas várias história secundárias – a do Aspirante Matias e a sua “vida dupla” dividida entre a profissão e a faculdade; o Neto e a sua luta contra o sistema; a boca de fumo e a vida do “Baiano” – que se vão ligando, o típico género de “histórias cruzadas” como é exemplo o filme “Snatch”. Desta forma, ficamos com uma noção mais alargada do sistema criminal existente, sendo explorada a vida na favela – apresentando a relação do povo com os traficantes e a implicação do tráfico na vida da favela – bem como os esquemas utilizados pelos polícias para arranjar rendimento extra – são utilizados esquemas de protecção do mercado local, qual máfia –. Em contraponto, está o BOPE a lutar contra ambas as “facções”, tanto traficantes como polícias, quase como que uma “bóia de salvação” para o povo brasileiro que sofre perante a maldade destes dois grupos opressivos.
Este filme traz-nos uma abordagem diferente ao tema das favelas, além de denunciar a corrupção dos polícias (tema normalmente abordado nos “filmes das favelas” do ponto de vista do povo e não internamente), apresenta-nos a realidade do BOPE. É interessante ver os seus treinos a um nível militar e como “peneiram” os recrutas até à exaustão, minimizando ao máximo o erro na seleccção.
Resumindo, gostei deste filme por focar um tema que me interessa e, ainda, ir um pouco mais longe. Sei que o Tropa de Elite 2 ainda denuncia mais e a um nível mais elevado (Políticos). Quando voltar a ver esse filme, deixo aqui a minha opinião.
Para quem gosta deste tema, vejam, vale mesmo a pena.
Última edição por etiko em 24 out 2013, 15:57, editado 1 vez no total.
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Mensagem por etiko » 24 out 2013, 12:12

Despicable Me 2 (http://www.imdb.com/title/tt1690953/)
Nota: 6,1


Passado pouco mais de um ano voltei-me a deslumbrar com os “bonecos amarelos”, os Minions. É fascinante como conseguem inventar tantas situações engraçadas e tão originais. Desde a interacção entre eles até à linguagem que utilizam (uma mistura de palavras em inglês, com espanhol e, ainda, coisa nenhuma). A variedade de Minions, cria-lhes a necessidade de terem personalidade, a qual se vai destancando entre eles consoante o nível de humor que consigam atingir, havendo um despique saudável constante entre eles e os que os rodeiam, resumindo, são uns gozões.
Outra personagem que gosto é a Agnes. Conseguiram criar uma personagem que cativa facilmente um público alargado. É sempre agradável, muito querida e a sua ingenuidade eleva-a a um nível de bondade sincera que nos agarra facilmente. Esta é outra personagem que nos traz bons momentos de humor através da forma como reage às situações com que se depara.
Agora a parte que não gostei. A história é simples – compreende-se por ser direccionada a crianças -, a luta contra o mal e uma história de amor. Já não sendo grande fã desta animação (vi este filme mesmo pelos Minions e pela Agnes) e juntando ainda este tipo de história, posso dizer que não gosto muito.
Não havendo muito mais para dizer, quem gosta de animação que veja porque não é das piores (dentro do género, até é das melhores).
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Mensagem por etiko » 29 out 2013, 16:42

Kill The Irishman (http://www.imdb.com/title/tt1416801/)
Nota: 7,3

Porquê “Bulletproof Gangster” se o filme se chama “Kill the Irishman”? Esta foi a primeira questão que se pôs logo no início do filme, devido a uma “faixa” que aparece no canto do ecrã. Ao longo do filme foi cada vez mais óbvia a razão pela qual utilizaram esta expressão.
Mais um filme baseado em factos verídicos e focado, em parte, na máfia italiana (tendo em conta os filmes “The Iceman” e “Donnie Brasco”). Neste caso centra-se num irlandeês, Danny Greene (Ray Stevenson), que sobe num mundo criminoso a par com a máfia italiana e, ao mesmo tempo, contra esta, aproveitando as quezílias existentes no seio desta família. Danny Greene foi um herói vivo que se regeu pelos ideais dos guerreiros celtas, tendo como base de acção o seu orgulho e regendo-se pela ideia de que todos os irlandeses, mesmo que pratiquem acções vis, têm no seu âmago a bondade. Contrariamente a Richard Kuklinski (“The Iceman”), Danny Greene possui sentimentos reais e naturais, tratando da sua família e amando-a, bem como fazendo o bem aos que lhe são próximos. No entanto, quando se fala de negócios e, especialmente, no mundo da máfia, é sempre difícil gerir em simultâneo estas duas realidades e separá-las. Conjugando estes factos com o reger-se pelo orgulho, faz com que Danny Greene acabe por se emaranhar cada vez mais neste mundo complicado dos negócios – tal como acontece a Joe Pistone (“Donnie Brasco”).
A acção desenrola-se na cidade de Cleveland, misturando irlandeses e italianos, na luta pelo controlo de sindicatos (bem como outros negócios rentáveis). O narrador é o polícia Joe Manditski (Val Kilmer) que conhece o protagonista, desde os seus tempos de jovem, do bairro onde cresceram. Assim, conseguimos ter uma visão diferente da que nos é apresentada pelo meio criminal, havendo um julgamento das acções do protagonista sem que estas sejam totalmente incriminatórias pelo facto de Joe Manditski conhecer a “evolução” de Danny Greene.
A título de ilustração são utilazados vídeos de reportagens televisivas que acompanham certos crimes que acontecem ao longo do filme. São exemplo destes crimes as mortes de vários mafiosos, tanto de uma como da outra facção. Um “toque” mais realista, ao estilo documentário. Apesar de no site de Cleveland, existir um artigo que fala das falhas existentes no filme (podem ver aqui:
http://www.cleveland.com/moviebuff/inde ... evela.html), conseguimos ficar com uma ideia da vida de Danny Greene e dos acontecimentos despoletados pelas suas acções.
Não quero revelar muito para que também o possam ver como um filme de ficção, acompanhando a história e serem surpreendidos, tal como me aconteceu por, mais uma vez, não conhecer a história em que o filme se baseia. Por esta razão, voltei a querer um fim diferente do que está estabelecido pelos factos acontecidos. Isto não é possível num bom filme baseado em factos verídicos.
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Mensagem por etiko » 28 nov 2013, 13:45

Maniac (http://www.imdb.com/title/tt2103217/)
Nota: 6,4

Este Maniac é de 2012, realizado por Franck Khalfoun e conta a brilhante actuação de Elijah Wood, um remake do homónimo original de 1980 realizado por William Lustig. Não vi o original mas pelo trailer parece-me ter várias cenas semelhantes ao original, um remake “à letra”. Pessoalmente, gosto mais da imagem utilizada actualmente, mais limpa, apesar das cenas pesadas nas ruas de Nova Iorque poderem ser interessantes com uma imagem “à antiga”. Uma dúvida a tirar com a visualização do filme original, fica para outra altura.
Começando já por falar dos planos que acompanham o protagonista a “passear” de carro – digo “passear”, pois o termo mais adequado seria “sondar”, qual caçador –, posso dizer que gostei, pelo facto de mostrarem ruas sujas (nos planos nocturnos) e confusas (nos planos diurnos), com muitas pessoas, onde vão aparecendo dissimuladamente alguns agentes da autoridade e/ou seguranças, que criam uma certa tensão, por sabermos que esta personagem é um potencial alvos destes agentes da autoridade. Ele é um perdador que passeia no meio das presas e, ao mesmo tempo, pode ser, a qualquer momento, “caçado”. Um ambiente um pouco pesado que enquadra as acções deste assassino.
Quando vi o trailer fiquei curioso devido à história, ao protagonista e, também, a um toque interessante (daqueles que me atraem muito), o facto da acção ser vista através do olhos do protagonista – aparentemente usando a técnica de “câmera à mão” –, sendo muito mais fácil aperceber-nos das suas psicoses. A mistura da realidade com as suas ilusões, a forma como vê o mundo, os ataques que tem, são tudo momentos que fazem com que compreendamos melhor, ou o melhor possível, o que vai na sua cabeça. Tudo isto despoletado por um trauma de infância enraizado na sua mente.
As mortes são macabras o suficiente para lhe podermos chamar um filme de terror, apesar de ter uma tensão muito mais própria de um thriller psicológico (o que no geral penso que se adequa mais no que diz respeito à categorização deste filme). Em relação ao assassinato no parque de estacionamento, foi a única cena que me pareceu quebrar a regra de apenas vermos o filme através dos olhos do protagonista (o que não me agradou).
Apesar de gostar do tema, do Elijah Wood e deste toque, não tinha expectativas elevadas e, assim, não fiquei desiludido, até posso dizer que gostei. Existem actores que dão mais aos filmes, é o caso de Elijah Wood.
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Mensagem por etiko » 19 jan 2014, 13:25

Ficam aqui as críticas dos filmes que vi nos últimos tempos:

The Conjuring (http://www.imdb.com/title/tt1457767/)
Nota: 6,6

Queria ver este filme no Motel X mas esgotou, no cinema deixei passar, entretanto... deixei andar. No início houve muita especulação e depois uma sugestão. Entretanto fiquei um pouco céptico em relação a este filme. Acabou por ser irónico.
O filme tem todos os clichés de um filme de espíritos: uma família a chegar a uma casa nova, a filha contrariada, o começar dos sinais e, um pouco, a história em si. Ser apresentado como um filme baseado em factos verídicos e incluindo todos estes clichés, acaba por tornar difícil aceitar tantas coincidências.
Agora a forma como foram apresentados estes clichés já é uma conversa diferente. Gostei como foram intercalando a história principal, as apresentação do casal de “demonistas” e a história pessoal destes.
A primeira vez que apareceu mesmo um espírito, fez com que ficasse com medo de que o estivessem a “apresentar” cedo demais fazendo com que este perdesse a “força”, isto é, por já o termos visto este se tornasse banal (já falei desta falha em outros filmes como o “El espinazo del diablo”, por exemplo). Mas tal situação não se verificou devido à variedade de espíritos e às diferentes formas como estes são apresentados. Esta variedade de espíritos e as mais variadas formas de susto, não utilizam apenas o típico som de tensão com um culminar do aumento repentino deste para assustar.
O que realmente gostei no filme - um pouco mais que os pontos apresentados no parágrafo anterior - foram a fotografia e as filmagens. A fotografia é boa pois remete-nos à época do filme e ajuda na criação da tensão, especialmente quando os arredores da casa assombrada são o “centro das atenções”.
As filmagens são muito inovadoras, explorando várias formas de acompanhamento da acção e fazendo com que esta seja mais dinâmica, ou seja, faz-nos viver mais o filme.
A caracterização também é boa, especialmente da pessoa... quando virem o filme descobrem.
Mais uma grande actuação de Vera Farmiga (actriz da série Bates Motel), estou a ficar fã.
Resumindo, o meu comparsa de discussão de filmes de terror tinha razão, gostei do filme apesar da sua história não ser nada de espectacular. Às vezes é importante saber contar a história através das inúmeras técnicas existentes nesta arte que é o Cinema.
Bom filme dentro de um género difícil de trabalhar.

P.S.: Mais um projecto da equipa Legendas Project em que tive o prazer de participar! (Entenda-se por prazer o mix de gosto pela legendagem e o estar a acertar legendas num dos pontos altos dos sustos, às três da manhã, de auscultadores nos ouvidos, sempre a puxar para trás e para a frente o vídeo...)


Kokuhaku (Confessions) (http://www.imdb.com/title/tt1590089/)
Nota: 9,4

Um filme que começa com uma narrativa complexa e que agarra logo desde a primeira frase.
O ambiente escolar envolto em desordem faz lembrar o ambiente estudantil apocalíptico do Battle Royal (como que uma cunha para aceitar abertamente tudo o que o filme tem para oferecer).
Pelo facto de oferecer, de desvendar, logo no início todas as razões da vingança e os seus intervenientes - e por ser um filme oriental -, fiquei entusiasmado com a obra-prima que estava a assistir.
A forma como está dividido vai de encontro aos meus gostos, apresenta vários pontos de vista, avançando devagar, desvendando cada vez mais acerca dos acontecimentos.
Adivinhei algo. Rapidamente percebi que queriam que adivinhasse. São aquelas surpresas destinadas à inexperiência e que demonstram sentido de humor direccionado a quem está familiarizado com elas.
Fui surpreendido. Voltei a surpreender-me. E não parou de acontecer como que para salientar que o momento anterior foi mesmo intencional.
Passando agora a umas partes mais técnicas tenho de mencionar que não gostei do facto de fazerem parte da banda sonora algumas músicas em inglês. É verdade que por vezes estes pormenores fazem com que os filmes possam ter mais visibilidade por públicos que tenham alguma resistência ao cinema exótico - muitas das vezes, mesmo muitas, O Cinema!
A nível de planos, mostram todo o profissionalismo que apenas os mestres conseguem atingir. A quantidade destes planos espectaculares, e por vezes únicos, elevam-se às dezenas. Também há que realçar as cenas ao estilo anime que dão, mais uma vez, um toque cómico mas, acima de tudo, personalidade a estes filmes asiáticos, revelando todas as qualidades de representação que os intervenientes apresentam.
A moral está presente, talvez um pouco descarada demais, relativamente à temática do HIV. Visto que muitos outros tipos de moral estão subjancentes neste filme, não se pode criticar veemente.
Se este filme estivesse assinado por Chan-wook Park não seria de todo descabido. Acenaria positivamente em tom de concordância perante tal facto pois está ao nível de ser inserido como a quarta parte da sua saga da Vingança. Ave Tetsuya Nakashima! Ao fim de ver muitos, mesmo muitos filmes - e no meio alguns que adorei - posso voltar a dizer que vale a pena ver Cinema! Cada vez que a esperança começa a desaparecer surgem estas relíquias.
Foi o melhor filme da minha vida! Estou a brincar...


Interview With the Vampire (http://www.imdb.com/title/tt0110148/)
Nota: 7,2

Um Clássico!
A primeira coisa a ter em conta é que este filme já tem 20 anos, a outra é que é difícil escrever acerca dele sem ser spoiler, tenho de ser abstracto em algumas apreciações para que apenas compreendam o toda desta crítica após a visualização do filme.
Começa de uma forma diferente (volto a frizar, tendo em conta o ano em que foi realizado), com um enquadramento citadino mostrando São Francisco no ano de 1994 (suponho eu). Sermos apresentados a um vampiro através de uma entrevista é um mote original e que nos agarra logo desde o início.
Cedo nos é apresentada a ideia de que não damos valor ao que vemos como "normal" (um conceito que deixa muito por discutir) através da descrição do que é admirar algo pela última vez, pior ainda, tendo consciência disso, refiro-me a um "simples" pôr do sol.
O pano de fundo inicial, Nova Orleães, continua a cumprir o papel de me agarrar ao filme, principalmente quando focam todas as suas superstições de voodoo e feitiços, sendo desvalorizadas perante outra superstição que nos pretende envolver, a temática do filme, a existência de vampiros.
O conceito de vampiro é-nos apresentado com algumas variantes, suponho que novidades na época em questão, sendo postos de parte perigos como o alho e os crucifixos, e havendo reflexo no espelho. Por outro lado, continuam a dormir em caixões, intolerantes à luz solar e é explorada a ideia da proibição de beber sangue de um morto. Obviamente precisam de sangue para sobreviver, não poderiam descaracterizar totalmente os vampiros. Com toda esta existência baseada nas trevas, põe-se mais uma eterna questão, da maldade versus bondade, sem que seja apresentada uma conclusão (como eternamente acontecerá... são apenas conceitos) mas, apenas, pontos de vista que levam os espectadores a identificarem-se com algumas destas ideias, fomentando a discussão, que é tão saudável para o desenvolver da lógica e do raciocínio.
Relativamente à parte técnica do filme, fiquei surpreendido com os planos, que podem ser vistos como actuais tal como a excelente caracterização. Um Brad Pitt (Louis) que contradiz esta última afirmação, pois é rapidamente reconhecível, num papel que lhe assenta na perfeição, devido à sua palidez natural enfatizada pela maqueagem. Tom Cruise (Lestat) apresenta-se - contrariamente ao outro protagonista - muito mudado e num registo de actuação totalmente diferente ao que estou habituado. Por esta razão, gostei muito mais da sua actuação, por ter surpreendido. Antonio Banderas (Armand) surpreende pela juventude que apresentava há 20 anos atrás. A menina, Claudia (Kirsten Dunst), manteve tudo o que me lembro da altura m que vi este filme, na minha infância, e que marcou o meu gosto por este filme. Uma actuação muito boa, participou numa das melhores partes de efeitos especiais, a sua transformação. As piores partes do filme, as que posso dizer que não gostei, são, curiosamente, também relacionadas com os efeitos especiais. Aquando do desmembramento de vampiros, os efeitos deixam muito a desejar. Nada que não se perdoe!
Existem bons momentos de comédia - a dança de Lestat com a senhora, por exemplo - e um momento teatral espectacular, tanto a nível musical como de filmagem, chamemos-lhe a "separação familiar".
A tão aclamada alegoria homossexual é verdadeira. Desde o início do filme que tentei não deturprar a interpretação de certas falas e cenas, afastando a ideia de que essa alegoria estava presente para, no final, ser imparcial e dizer se realmente está presente, e está! É inevitável afirmá-lo, pois não acontence apenas entre duas personagens, expandindo-se a outras, chegando ao contacto quase que suficiente, para o afirmarmos com suporte de imagem. Acaba por haver uma sensualidade perturbadora para quem não se sente à vontade com esta realidade, atenuada pela sensualidade e, até sexualidade, que envolve o curso natural da heterosexualidade. Acaba por suscitar mais discussões que envolvem temáticas polémicas, como a homessexualidade, a criação de crianças neste ambiente e a mulher vista como objecto.
No final, concerteza que fica muito por dizer, o que pode ser positivo para que a dificuldade de evitar o spoiler não estrague a boa experiência que certamente é visualizar este filme. Obviamente, recomendo vivamente.


Sinister (http://www.imdb.com/title/tt1922777/)
Nota: 5,7

O que venho a repetir cada vez que falo sobre filmes de terror é que desde miúdo que gosto deste género de filmes mas que não existem filmes de terror muito bons, apenas medianos (e mesmo assim não são muitos) - exceplo o "A Tale of Two Sisters" - pois a maiorira que é intitulada, e são bons, acabam por ser thrillers psicológicos (o caso do "The Shining" por exemplo).
Outra questão que um amigo pôs no outro dia foi "Já viste que os filmes de terror são sempre dentro de uma casa?". Sim, é verdade. A maioria dos filmes de terror têm uma casa como base. Outro amigo meu acrescentou, ao ver este filme, "Para o outro ("The Conjuring"), uma família a chegar a uma casa nova". Sim, este é outro cliché muito utilizado.
Agora vejamos, utilizando este filme todos estes clichés, o que pode ter para se "safar"?
Bem, gosto do actor principal. Gosto da forma como foi filmado, como se houvesse algo à espreita (as novas tecnologias ajudam muito quando a história e/ou enredos são fracos). Gosto dos espíritos criados e da forma como se movimentam (estou-me a referir a uma cena específica em que eles andam atrás do protagonista). Mas não gosto de muito mais.
O tema remete a uma superstição que não me cativou, existem demasiados clichés sem serem apresentados de uma forma original. O filme não é péssimo mas é mais um filme de terror, que nem pode ser considerado bom.
Para quem gosta do estilo, talvez até valha a pena ver. O filme entretém. Há-de aparecer melhor, espero eu...
etiko
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Mensagem por etiko » 26 jan 2014, 12:29

The Place Beyond the Pines (http://www.imdb.com/title/tt1817273/)
Nota: 7,1

Ryan Gosling. Antes de ver um filme deste actor, basicamente, as expectativas resumem-se a quão boa será a sua actuação.
Mais uma vez não desiludiu. É um grande actor e, espero que ainda com muito trabalho por fazer, já pode ser considerado um marco desta era do cinema, venha ela a ser o que vier. A caracterização da sua personagem está muito boa. As tatuagens revelam falta de aspirações pessoais e o vestuário um desleixo para com a vida. Após receber a notícia da sua vida, faz o que um verdadeiro homem deve fazer – assumir a responsabilidade – agindo da forma que o instinto o leva a reagir.
Esta primeira história explora um tema que pode ser visto como cliché, o pai que é confrontando com a existência de um filho, que acaba por ser secundário por todas as cenas que se desenrolam em volta da personagem de Ryan Gosling. As cenas de acção são fortes e o drama tem personalidade, não caindo na banalidade de actuações medíocres, o que seria estranho devido à qualidade que estes actores apresentam.
A tensão deste filme é criada através do desenrolar lento da acção. Digo lento tendo em conta a quantidade de informação que nos é passada. Conseguimos ficar a saber tanto em tão pouco tempo, tornando o filme intenso. A música que acompanha a acção ajuda a cimentar a tensão que se pretende criar. Cria-se então o ambiente perfeito para o desenrolar desta história que não nos revela o que vai acontecer a seguir. Já várias vezes referi, e hei-de voltar a referir quando for possível, que o facto mencionado é importante para nos prender ao filme, o inesperado.
A boa performance dos actores estende-se a Bradley Cooper que, com todo o mérito, consegue igualar Ryan Gosling no desempenhar da interpretação da personagem que lhe foi atribuída.
Podemos dizer que existem dois filmes separados que se acabam por unir na parte final, em modo de conclusão. Noutras situações chamei, ironicamente, “feliz acaso”, mas, para este filme, prefiro caracterizar como “desígnio”. Quando estamos perante consistência e qualidade suficientes para suportar coincidências podemos dizer que estamos simplesmente a relatar os desígnios traçados para os intervenientes em tal história.
A relação pai e filho é a base deste filme (tal como em "Big Fish", por exemplo) mas não em traços básicos, como referi na crítica do filme “The Kings Summer”, pois existe diferença entre “pais e filhos” e “pai e filho”. Pensem nisso...
Há que saber criar todo um trama de extrema qualidade para suportar temas que, à partida, podem ser vistos como clichés ou muito básicos. Tal como em qualquer arte, devemos começar por tentar atingir a perfeição na complexidade para depois podermos ter a moral de voltar à base, sem rasto do trabalho anterior.


The Kings of Summer (http://www.imdb.com/title/tt2179116/)
Nota: 6,2

A nível técnico o filme está bom. Tem planos interessantes – bons planos – que por vezes se mostram “gratuitos”, isto é, são apenas bons tecnicamente mas não acrescentam mais que isso ao filme, à sua história. Está bem filmado e também tem bons cenários da natureza. Estes pontos tornam a visualização dos filmes muita mais agradável.
Da música pode-se salientar uma guitarrada muito boa e a utilização de músicas de “Hip Hop” / RnB que dão um toque actual mas que, na minha opinião, não se enquadram com este filme e, por isso, podiam escolher umas músicas melhores, mantendo a guitarrada, claro.
As poucas cenas de fantasia que o filme tem não são descabidas. Pessoalmente gosto quando conseguem encaixar estas coisas nos filmes. O realizador tem de mostrar que quer pôr essas cenas com uma lógica e que estas encaixam no seu estilo. O Biaggio é o seu “passe vip” para toda a fantasia que quiser utilizar.
É importante explorar e focar bastante a personagem interpretada por Moises Arias, o já mencionado Biaggio, a melhor e única grande personagem deste filme! Já há muito, mesmo muito, tempo que não via uma personagem destas. Posso adjectivá-lo de perfeito, assenta-lhe na perfeição – passo a redundância. A sua postura, as suas atitudes, a suas falas (sim, as suas falas! Muito boas! Mesmo!), podem ser utilizadas para simbolizar a extravagância dos actos dos três rapazes, o facto de exagerarem nas suas decisões, ou então, a forma exagerada como decidem. Um bom exemplo da excentricidade e estranheza desta personagem é usar a negação em momentos que, obviamente, deveria dizer o contrário. A forma descarada como estes diálogos são oferecidos servem para baralhar um público que, à partida, já deve estar baralhado apenas com as atitudes de Biaggio. Focarmos a nossa atenção apenas nesta personagem é quase que viajar numa “trip” – agora vou passar uma redundância com direito a estrangeirismo e calão numa só.
O filme apresenta-nos a cansativa questão de problemas típicos entre pais e filhos, a falta de espaço, as realidades desfasadas por implicação da diferença de idades. Adjectivo-a de cansativa por ser difícil pegar num cliché destes e, sem usar toques de mestre, conseguir algo memorável.
Em vez de dizer que o Biaggio salvou o filme, prefiro afirmar que este filme desperdiçou uma personagem como o Biaggio. Não me vou esquecer desta personagem e os pontos positivos atribuídos ao filme têm de ser desequilibradamente distribuídos para o lado dele.
Têm ainda que sobrar uns pontinhos para o facto de ser feita uma homenagem descarada ao filme “Stand By Me”, um clássico que tenho de rever. Apenas pelo trailer percebi-o, estava presente a eterna galvanização dos jovens!


Prisoners (http://www.imdb.com/title/tt1392214/)
Nota: 6,4

Mais uma vez penso poder atribuir às expectativas o não ter gostado, tanto como pensei que ia gostar, deste filme. Estas expectativas deveram-se à sugestão que me fizeram deste filme e à presença de Paul Dano, interpretando uma personagem com um atraso mental – este género de papel exponencia as capacidades de grandes actores, como Paul Dano e Leonardo DiCaprio (em "What’s Eating Gilbert Grape" ), por exemplo.
Para que não pensem que o filme é péssimo posso começar por salientar os pontos positivos, tentando sempre não cair em spoiler.
Desde já recomendo que vejam o filme, pois não foi apenas uma pessoa que o classificou como um bom filme. Partindo do princípio que vão ver este filme posso ser mais “abstracto” nos comentários, nas apreciações.
Chamo ao trio a “team vengeance”, com um Quartel-General, onde põem em prática, a troco de remorsos, e em busca da verdade, toda a maldade de que são capazes. Por vezes, o desespero revela o que de pior existe dentro de cada um de nós. Gostei da forma como estas cenas foram exploradas, quase que desenquadradas do decorrer das restantes cenas do filme. Pode-se dizer que houve aqui uma hipérbole, de forma a representar a dor destas personagens, tornando-as o mais transparentes possível.
Depois deste ponto positivo, aproveito para apresentar o ponto mais negativo de todos, o “modo CSI” como o caso volta a ter vida. “Ah está aqui a pista que me faltava”, “Já vi isto em qualquer lado”, são duas frases que podem ter passado pela cabeça da personagem que, por acaso (Ah que feliz coincidência!), tem a sorte de se encontrar perante uma situação que volta a reacender a esperança. Já que sabem fazer boas cenas, podiam “perder tempo” a manter essa qualidade em todo o projecto. Apenas uma opinião... Evitar cenas gratuitas dá trabalho mas vale a pena. As cobras são mais um exemplo de cenas a evitar. Fica o conselho para trabalhos futuros...
O filme, no geral, tem uma história consistente, fazendo com que sejam suportáveis cenas como as mencionadas anteriormente. É ainda salvo pelo o bom “desembrulhanço” que se dá. Penso que é sempre bom ser surpreendido, eu pelo menos gosto.
A nível de actuações saliento, como não podia deixar de ser, a de Paul Dano – muito boa mas muito pouco explorada, tendo em conta o que expectei – e também refiro a de Hugh Jackman, que pensando bem, não é de admirar.
Como já o recomendei, é só.


A.C.A.B. (http://www.imdb.com/title/tt1893195/)
Nota: 6,4

Estava desejoso de ver este filme por pensar que finalmente ia ficar a par da história de Gabriele Sandi, um jovem Ultra da claque da Lázio, que foi assassinado por um polícia.
Acabei por assistir a um filme que gira em torno de uma equipa de polícias de choque extremamente unida e que luta por um ideal, defenderem-se mutuamente a qualquer custo.
O filme começa com uma contradição engraçada – que se acaba por compreender mais tarde – onde se vê um homem a andar de mota entoando um cântico contra a polícia de choque e cedo percebemos que ele é um polícia de choque. São pormenores como este que nos suscitam a curiosidade, fazendo com que nos apeteça continuar a ver o filme nem que seja apenas para descobrir o porquê desta “contradição”.
Felizmente mais cenas fizeram com que me interessasse pelo filme, como o facto de um dos polícias ter um filho skinhead, o que revelou que esse mundo seria explorado. Estamos a falar do mundo do futebol italiano e respectivas claques, por esta razão é difícil afastar a realidade dos skinheads que estão embrenhados nesta realidade.
Não apenas os skinheads fizeram com que este filme explorasse – quase que principalmente – a problemática do racismo. Tanto os polícias, como os skinheads, bem como o povo italiano representado no filme, acusam os estrangeiros indiscriminadamente, tentando fazer justiça pelas próprias mãos. Fiquei com a impressão de que até se pode dizer que quem criou este filme quis mostrar uma realidade de racismo geral, um asco total, por estas minorias étnicas. Todas os problemas e crimes – à parte dos relacionados com o futebol – têm como acusados pessoas provenientes do estrangeiro.
Para quem está habituado ao ambiente do futebol, quem está familiarizado com o mundo das claques, é difícil não sentir um pouco de tensão nos momentos de confrontos, pois é mais fácil imaginar-nos naquelas situações. Apesar de em Portugal nunca ter assistido a tamanho grau de violência.
Tal como assistimos em filmes como o “Tropa de Elite”, percebemos que se o lado da justiça quiser, pode ser feita “justiça à medida”, ou seja, justiça à margem da lei – passo a contradição. O grupo de polícias que servem de protagonistas deste filme são autênticos justiceiros de causas pessoais, passando por cima de tudo e de todos para vencerem todas as suas batalhas pessoais. Acaba por ser muito mais perigoso que a generalidade dos criminosos pois podemos especular a partir da fala de um deste polícias, algo do género, “Eu defendo o povo mas quem me defende a mim? E se eles decidirem não defender o povo quem mais o defenderá? Sabemos que pode demorar muito, ou pode ser muito difícil, até que a justiça seja reposta.
Acabou por ser mencionado o caso de assassinato do Ultra da Lázio, acabando em mais um despoletar da violência de adeptos versus polícias de choque.
Em suma, é um filme mediano que foca a violência do mundo do futebol e o racismo, tanto nesse como no mundo em geral. Para quem gosta destas temáticas – futebol, skinheads, racismo – não perde nada em ver este filme, não é mau.


Napoli Napoli Napoli (http://www.imdb.com/title/tt2014300/)
Nota: 6,0

Há uns anos quis ver este documentário no Festival de Cinema Indie Lisboa mas desperdicei a oportunidade. Finalmente tive a oportunidade de o ver e não está tão bom como pensei.
Este documentário fala sobre a cidade de Nápoles (como podemos facilmente identificar pelo seu título) e de todos os problemas da elevada criminalidade no centro desta cidade.
Ao contrário de outras cidades, em Nápoles os bairros problemáticos encontram-se no centro da cidade e não nos arredores. O ornamento público esquizofrénico deve-se a uma reconstrução da cidade, pós Segunda Guerra Mundial, depois dos Aliados a bombardearem para derrotar as tropas alemãs que aí se encontravam de uma forma estratégica, isto é, ocupando o terreno dos seus aliados. Algo estranho que vi neste documentário foram os típicos prédios de alturas desmedidas construídos ilegalmente (ou acrescentados ilegalmente) em torno de zonas históricas, envolvendo monumentos que acabam por se perder nesta confusão de construções sem lógica e estética. Nunca tinha visto nada assim.
O documentário divide-se em realidade e ficção, havendo entrevistas a presidiárias de uma instituição prisional feminina, entrevistas a instituições não lucrativas de apoio social, excertos de uma curta metragem que explica a história de Nápoles logo a seguir à Segunda Grande Guerra, a vida numa prisão masculina, a vida de uma família ... e a vida de membros da Gomorra. Cabe a quem vir este documentário desvendar quais as partes reais e as que são ficção.
Através de todas estas partes do documentário, é-nos apresentada a realidade desta cidade que sofre às mãos de uma elevada e violenta criminalidade, não havendo grandes ajudas do Estado italiano que, por sua vez, se acaba por sentir impotente na resolução de um problema que já se encontra enraizado nesta população. Há uma senhora que explica de forma sucinta e clara a razão desta situação, mais ou menos assim “Numa zona pobre, onde o desemprego é muito elevado, as pessoas estão em casa e, não tendo nada que fazer em casa (pois estas não têm condições), acabam por conviver na rua. Uma vez na rua, podemos conhecer pessoas que nos ajudam a ocupar o tempo de forma produtiva e sem maldade (o caso das actividades desenvolvidas pelas associações de apoio social) ou pessoas que oferecem a estes pobres a possibilidade de ganhar dinheiro, aparentemente, fácil.”. De forma simples se compreende que esta situação é uma “bola de neve” pois criminalidade gera ambientes em que reina a pobreza e o desemprego, os quais geram criminalidade.
Existe um problema gigantesco que é enumerado por muitos dos intervenientes neste documentário e que é visto como o cancro que não deixa a cidade curar-se, a Gomorra. Esta máfia tão conhecida em Nápoles e que acaba por fazer parte da sua cultura, continua a alimentar o crime fazendo com que “a bola de neve nunca derreta”. Acho que poderiam explorar mais a Gomorra, sendo um dos temas que poderia ter ocupado o espaço das cenas de ficção que, apesar de servirem para ilustrar a restante narrativa, tiram minutos a outros factos interessantes. Tal como no filme “Gomorra” é importante que já se conheça um pouco acerca desta máfia para se compreender toda a mensagem.
A nível das filmagens, não gostei muito de algumas partes em que parecia a filmagem de uma festa de anos, ou seja, aquelas filmagens em que a câmara anda mais rápido que a acção, quase que nos enjoa. Se o objectivo destas filmagens era ofuscar a ficção através da câmara à mão, conseguiram em algumas situações, o que não acho que tenha valido a pena.
Resumindo, para quem gosta do tema aconselho pois é sempre mais informação que absorve. Eu, pessoalmente, adoro este tema.


Jobs (http://www.imdb.com/title/tt2357129/)
Nota: 6,2

O tema interessa-me: tecnologia, a sua evolução, Apple, os seus altos e baixos e, Steve Jobs, o aclamado génio sobre o qual pouco sabia.
Este filme fala acerca da vida de Steve Jobs, ou seja, a vida da Apple.
No início do filme comecei a questionar-me acerca do quão próximo da realidade estavam os factos apresentados pois tinha certas ideias pré-estabelecidas para o modelo de pessoa em questão que não iam de acordo à personagem apresentada – isto tudo a nível comportamental.
É estranho vermos um actor tão conhecido a fazer o papel de outra personagem tão mediática. No decorrer do filme acabei por estar como que a ver uma ficção que, através de comentários com as pessoas que estavam a ver o filme comigo, ia associando à realidade desta marca.
O filme não é mau, a vida de Steve Jobs é muito interessante a par com a evolução da Apple. No entanto, não consegui achar que este fosse um bom filme. Talvez se deva ao facto da tensão existente se tornar desinteressante, por vezes. Poderiam ter usado melhor o tempo do filme, cortando em algumas fases de “depressão”. Percebo que essas partes pretendem passar uma imagem mais forte dos ideais de Steve Jobs e das suas obsessões, mas não são precisas tantas, o espectador cedo percebeu a mensagem.
Concluindo, este filme cumprir o objectivo de um filme biográfico, contar-nos a vida de Steve Jobs, revelando as peculiaridades da sua personalidade e a história da empresa que ele fundou, a Apple.


Mine vaganti (http://www.imdb.com/title/tt1405810/)
Nota: 5,4

Se vos disserem que este filme é uma comédia italiana, aviso-vos já que sim, é um filme italiano, e que de comédia tem apenas à volta de 10% do filme e nem toda é boa. A melhor piada do filme é dita pela matriarca da família, sentada na cama, ao lado da empregada. Pronto, está tudo dito.
Está bem, vou dizer porque não se devem deixar enganar pela parte da comedia e olhar já para o romance e, principalmente, o drama.
O filme tem como base uma família tradicional italiana edificada sob valores que giram em torno do status social. Assim, surgem as típicas questões do cinismo, segredos e obrigações familiares (juntamente com obrigações profissionais relacionados com o negócio da família) e sociais. Todos estes ingredientes, bem como as personagens existentes (pelo menos o perfil associado a cada uma delas), são perfeitamente combinados nos filmes de Woody Allen mas, infelizmente, este filme não é da sua autoria. Existe uma ou outra personagem bem conseguida mas – mais uma vez, tendo Woody Allen como referência para este género de filmes – este filme está aquém das expectativas.
Acaba por se revelar uma análise aos tabus existentes (no seio deste género de famílias) em torno da homossexualidade, todos os problemas que esta temática pode trazer aos status social, principalmente em ambientes tão pequenos e fechados como o do local onde a acção deste filme se desenrola.
A cena final do filme até mostra qualidade de um ponto de vista criativo, não compensando a lacuna existente no resto do filme.


The Way Way Back (http://www.imdb.com/title/tt1727388/)
Nota: 5,6

Ainda tive esperança de que este filme tivesse algo de interessante para oferecer mas revelou-se mais um filme com uma narrativa igual à de tantos outro, o que pode ser pior do que adivinharmos o que vai acontecer, sem que sejam acrescentadas mais-valias que suportem esta estrutura tão gasta ao longo de milhares de filmes iguais?
Pior só estragarem a imagem que tenho de Steve Carell como “salvador” de filmes que, desde o seu início, estão condenados ao desastre (“The 40-Year-Old Virgin”, “Dinner for Schmucks” e “Crazy, Stupid, Love.”). Neste filme este actor começa por me chatear logo desde início, cumprindo o seu papel à risca até ao fim. Sei que é esse o objectivo e, por essa razão, poderiam ter utilizado um actor que tenha essa característica e, assim, escusavam de queimar um actor que acrescenta valor aos filmes pela comédia e não por este tipo de registo (como é exemplo o desperdício de Jim Carrey em “The Number 23”).
O melancólico protagonista consegue tornar este filme nisso mesmo, melancólico. Uma personagem estranha, sem um toque que o destaque de tantas outras personagens estranhas. Às vezes basta a cara e fisionomia como é exemplo o Biaggio de “The Kings of Summer”.
Há que dar mérito a uma coisa, estes tipo de filmes, acaba por conseguir envolver mais para os últimos minutos porque é onde se dá o culminar de todas as situações. Agora põem-se as questões: será que é por seguirem toda a estrutura do cinema que tão bem foi aprimorada ao longo dos anos para este fim? Ou pensamos “Já que vi esta porcaria até aqui, tenho de ver como acaba!”?
Já não é a primeira vez que falo acerca desta estrutura cliché e da forma como envolve e devia-lhe dar um nome porque vou deparar-me com ela mais vezes, de certeza e infelizmente. De forma simples pode ser a “estrutura cliché que envolve” (pode parecer uma coisa menos má lido em separado mas levará sempre anexada a conotação que lhe diz respeito).
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