Olá, Freedom, novamente.FreedomFighter Escreveu:Quanto à questão das histórias, que quem as escreve e de quem as conta, as coisas tornam-se ainda mais complicadas:
Fazer um filme de acção é fácil, basta ter muito dinheiro para esplosões e carros partidos.
Fazer um filme de ficção científica também não é dificil, basta contratar a Industrial Light and Magic.
Fazer um drama pode ser facílimo: muitas mortes doenças, azares, e tc.
E sobretudo contar uma boa história? Como se faz? Aqui está o que se perdeu nos últimos anos no cinema: Quase não existem histórias para contar. Tens idéia dos nº de remakes que se fazem hoje em dia?
Esta para mim é questão que causa à divergência das nossas opiniões. Como te referi antes, a minha bagagem é mais literária do que cinematográfica, pelo que tenho uma maior propensão a analisar não só o argumento, mas as implicações e conclusões do mesmo a nível pessoal e também social. Interessam-me sobretudo os filmes que façam as pessoas pensar, e não apenas os que fazem as pessoas passar um bom bocado, que não aspiram a mais do que diverti-las. É que o cinema supostamente é uma forma de arte e sendo-o, tem o dever de mexer com o interior das pessoas. No momento poucos filmes o fazem em condições devidas, talvez devido à "plastificação" da nossa sociedade.
É como dizes, hoje em dia é fácil fazer filmes, basta contratar esta empresa de efeitos especiais, ou seguir o método proposto pela fórmula X, que já habituou a que salas e salas encham, logo bolsos e bolsos encham também. O difícil é como referes, fazer filmes originais, mas mais que isso, que façam as pessoas pensar. Porque hoje em dia, as pessoas encontram-se instaladas numa forma de apreender a realidade que peca pela deglutinação fácil do conteúdo, não se querem dar ao trabalho de pensar e julgo que a prova última disto mesmo que digo é o sucesso que se regista com o livro Código da Vinci, que se seguirá este ano nas salas de cinema. Já houveram carradas de autores a pegar neste mesmo tema, mas não houve interesse das pessoas para aprofundarem a questão fulcral que trata das mentiras que a Igreja pôs cá fora durante séculos. Foram ignorados.
As pessoas gostam, na generalidade, do que lhes é posto na mesa pronto a consumir. Em muitos casos, se vier já mestigado, melhor ainda.
Se tomares por exemplo da diferença entre os filmes originais japoneses e as suas adaptações de Hollywood (the Ring, ou the Grundge), verás que na versão americana é acrescentado uma infinidade de linhas de diálogo que não existiam no original, que não se destinam a mais do que "poupar" ao espectador o trabalho de interpretar por si mesmo a coisa.
Nos filmes de animação japonesa, há uma tendência para silenciar as cenas, tornando as mesmas "paradas", o que para as pessoas é chato, mas para o autor há ali uma qualquer metáfora para ser interpretada... e ele conta com o espectador para isso. Cá, no Ocidente, não resulta, porém.
A propósito, vai estrear em Fevereiro o "Ghost In The Shell 2: Inocence", estou ansioso para ver que tipo de críticas lhe hão-de ser tecidas.
Isto é que está mal, o facto de as pessoas se aborrecerem facilmente, quando toca de puxar pela cachola... e por isso é que o Homem-Aranha, ou o King Kong são líderes de bilheteira e cada vez mais se sucedem filmes como estes. Não é só o dinheiro, também é culpa do nível de exigência das pessoas.