Sendo as coisas o que são
Enviado: 19 abr 2009, 21:01
Meus amigos, é só um desabafo!
<b>”Não percebo, nem quero perceber, que tenha que incomodar amigos, dar jeitos, torcer a espinha, pedir favores ou meter cunhas para aceder àquilo a que tenho direito.”</b>
<i>Sendo as coisas o que são, temos de passar a vida a dar jeitos, a torcer a espinha, a pedir favores, a meter cunhas.
Aconteceu-me a mim e conto, porque posso, mas, sobretudo, porque é paradigmático.
Descontando toda a vida para a segurança social, resolvi, um destes dias, ir ao centro de saúde da área de residência saber como é que fazia para ter um médico de família.
Disseram-me que não podia. Que, se fosse uma urgência, podia ir lá às oito horas da manhã buscar uma senha para uma consulta. Se ainda houvesse senhas…
Pensei que, se tivesse uma urgência, mais do que provavelmente não iria ao centro de saúde, reclamei como devia. E vou tratar de saber o que posso fazer para, ou não pagar um serviço que não tenho, ou como fazer para ter um serviço que pago. É verdade que posso fazer de outras maneiras, porque tenho recursos para tal. Mas não percebo, nem quero perceber, que tenha que incomodar amigos, dar jeitos, torcer a espinha, pedir favores ou meter cunhas para aceder àquilo a que tenho direito. Na mesma altura, uma amiga, mãe de três filhos pequenos, explicava-me como um deles ia ter que ficar por aí, aos cuidados de quem se dispusesse a isso, porque não o consegue colocar em nenhum dos infantários em que estava inscrito. Aparentemente, a criança sobra, está a mais. Na vida dos pais, que não têm mais dinheiro para lhe darem um colégio privado, e na vida da sociedade, que acha normal que uma criança possa não ter onde ficar enquanto os pais trabalham. Tudo isto, embora real, é inimaginável. Não imagino, nem quero imaginar, como será o sentimento de desprotecção e abandono, além dos óbvios de injustiça e de indignação, de todas as pessoas para quem a saúde que temos, a justiça que temos, respondem, pela boca de um funcionário cansado, que não se lhes pode aceder, porque sim.
Sendo as coisas o que são, teremos de aprender e ensinar aos nossos filhos que o mundo é kafkiano e que, portanto, não existem relações lógicas ou de casualidade entre acontecimentos e que, assim sendo, apenas nos temos a nós mesmos.
É isto que queremos? É a lógica do contrato social?
Tudo isto, e muito mais, é revoltante!</i>
<b>m&m</b>
<b>”Não percebo, nem quero perceber, que tenha que incomodar amigos, dar jeitos, torcer a espinha, pedir favores ou meter cunhas para aceder àquilo a que tenho direito.”</b>
<i>Sendo as coisas o que são, temos de passar a vida a dar jeitos, a torcer a espinha, a pedir favores, a meter cunhas.
Aconteceu-me a mim e conto, porque posso, mas, sobretudo, porque é paradigmático.
Descontando toda a vida para a segurança social, resolvi, um destes dias, ir ao centro de saúde da área de residência saber como é que fazia para ter um médico de família.
Disseram-me que não podia. Que, se fosse uma urgência, podia ir lá às oito horas da manhã buscar uma senha para uma consulta. Se ainda houvesse senhas…
Pensei que, se tivesse uma urgência, mais do que provavelmente não iria ao centro de saúde, reclamei como devia. E vou tratar de saber o que posso fazer para, ou não pagar um serviço que não tenho, ou como fazer para ter um serviço que pago. É verdade que posso fazer de outras maneiras, porque tenho recursos para tal. Mas não percebo, nem quero perceber, que tenha que incomodar amigos, dar jeitos, torcer a espinha, pedir favores ou meter cunhas para aceder àquilo a que tenho direito. Na mesma altura, uma amiga, mãe de três filhos pequenos, explicava-me como um deles ia ter que ficar por aí, aos cuidados de quem se dispusesse a isso, porque não o consegue colocar em nenhum dos infantários em que estava inscrito. Aparentemente, a criança sobra, está a mais. Na vida dos pais, que não têm mais dinheiro para lhe darem um colégio privado, e na vida da sociedade, que acha normal que uma criança possa não ter onde ficar enquanto os pais trabalham. Tudo isto, embora real, é inimaginável. Não imagino, nem quero imaginar, como será o sentimento de desprotecção e abandono, além dos óbvios de injustiça e de indignação, de todas as pessoas para quem a saúde que temos, a justiça que temos, respondem, pela boca de um funcionário cansado, que não se lhes pode aceder, porque sim.
Sendo as coisas o que são, teremos de aprender e ensinar aos nossos filhos que o mundo é kafkiano e que, portanto, não existem relações lógicas ou de casualidade entre acontecimentos e que, assim sendo, apenas nos temos a nós mesmos.
É isto que queremos? É a lógica do contrato social?
Tudo isto, e muito mais, é revoltante!</i>
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