PARAR, PARA PENSAR UM POUCO....

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RICARDOB
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PARAR, PARA PENSAR UM POUCO....

Mensagem por RICARDOB » 10 fev 2009, 12:09

Artigo de CLARA FERREIRA ALVES

Este artigo até merece palmas… só é pena, como ela mesma diz, sermos um povo burro e embrutecido. Diria eu mais: sem propósito ou causa que o mova…


Às vezes apetece-me fugir daqui.... :tongue:

Leiam este artigo demolidor de CLARA FERREIRA ALVES no EXPRESSO

Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao
topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, que usem dinheiros
públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face
a um público acrítico, burro e embrutecido. Este é um país em que a
Câmara Municipal de Lisboa, desde o 25 de Abril distribui casas de
RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos
funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de
gratidão passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a
"prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar
nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada mas
mais honesta que estes bandalhos. Em dado momento a actividade do
jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se
sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder
judicial.

Agora contínua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos
corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao
esqueleto deste povo burro e embrutecido. Para garantir que vai
continuar burro o grande cavallia (que em português significa
cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a
acção com a criação das Novas Oportunidades. Gente assim mal formada
vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.

A justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca -
Portugal tem um défice de
responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu
défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso apesar de
pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do
compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua infinita e pacata
desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros. Por
uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto
final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais
inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem
concluir nada.

Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que,
nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas Consequências, nada é
definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado. Da morte
de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime,
não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa
Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias,
nem o que verdadeiramente se passou nem quem são os criminosos ou
quantos crimes houve.

Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços
de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de
apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da
história é uma coisa normal em Portugal e que este é um país onde as
coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em
ditadura. E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão
mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos
blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em
tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem
saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade. Do
caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas
ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da
Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa
Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima
Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário
Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há
por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus
possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser
investigados, julgados e devidamente punidos?

Vale e Azevedo pagou por todos. Quem se lembra dos doentes infectados
por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida? Quem
se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num
parque aquático? Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira
e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico? Quem se lembra
que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico,
acabou a passear no Calçadão de Copacabana? Quem se lembra do autarca
alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do
Instituto de Medicina Legal? Em todos estes casos, e muitos outros,
menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a
que tivemos direito foi nenhuma. No caso McCann, cujos
desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se
venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém? As últimas
notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança,
contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia
espalha rumores e indícios que não têm substância. E a miúda
desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças
desaparecida antes delas, quem as procurou? E o processo do Parque,
onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta
gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Arranjou-se um
bode expiatório, foi o que aconteceu.

E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela
reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol,
milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu
e porquê? E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os
negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde
é que isso pára? O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro
Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância,
o da cunha para a sua filha. E aquele médico do Hospital de Santa
Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce
medicina? E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus
crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é
apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca. Passado o prazo da intriga
e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das
nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a
verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade. Nunca saberemos a
verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os
"senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em
Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre
meninas ficaram sempre na sombra.

Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças,
de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e
reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da
verdade. Este é o maior fracasso da democracia portuguesa!

Clara Ferreira Alves - "Expresso"

Eu acho que é a REPÚBLICA DAS BANANAS. Também, podemos dizer que é o país do faz-de-conta e do betão!
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mim
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Mensagem por mim » 10 fev 2009, 14:27

Acho que o departamento de jurisdição do LD vai abrir um "inquérito" (como é normal em Portugal)a este artigo aqui publicado :D :D :D
Agora mais a sério, todos sabemos como este "sistema" está instalado em Portugal e é muito difícil para não dizer impossível alterar esta realidade, que na minha opinião só se resolvia com medidas muito drásticas, quando digo drásticas, é mesmo, daquelas em que os políticos antes de prometerem isto ou aquilo, antes de se candidatarem a um cargo, ponderassem muito bem, em que a sua vida(literalmente) estivesse em risco.
Sei que o que acabo de dizer é para muitos uma "monstruosidade" mas como as coisas estão, acho que apenas como uma especie que "guerra civil" é que o pais dá a volta por cima, sem me querer alongar mais com este assunto a culpa passa por todos nós, pois se num dia saímos à rua para protestar e querer mudar algo, passado 2 dias já ninguém fala nem se recorda de nada...
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Mensagem por jccr » 10 fev 2009, 19:51

Ou ainda, Mário Crespo, ontem no JN:
Está bem... façamos de conta


Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.

Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.
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Este é o Portugal que temos!

Mensagem por niptuck » 11 fev 2009, 10:32

Excelentes artigos, os dois aqui postados! :?

Infelizmente, este é o Portugal que temos e, pior do que isso, não se vê qualquer luz ao fundo do túnel, nem tãopouco se vislumbra alguém capaz de dar um rumo decente a este país de interesseiros e sanguessugas!

A classe política e arredores, estendidas às suas inúmeras acções, só servem aos próprios e estão em completo descrédito nesta sociedade lusitana!

Façamos então de conta que votamos e que não nos importamos!

:sleep: :disguise:
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Mensagem por RICARDOB » 11 fev 2009, 12:11

Esse do Mário Crespo também está muito bem!

Provavelmente já tem um processo em cima. :?

Não resisti a colocar este texto aqui, pois isto dá-me uma revolta enorme!

Pessoas com reformas de 'esterco', despedimentos todos os dias,etc.
E estes políticos,banqueiros,etc só enchem os bolsos com dinheiro que não é deles!

E depois ainda injectam dinheiro nos bancos para evitar falência, em vez de ajudarem quem realmente precisa.

O que posso eu fazer para melhorar a situação??!! O que podemos fazer para limpar esta corrupção??!! :x Provavelmente NADA.
:bag:
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pedronnb
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Mensagem por pedronnb » 11 fev 2009, 17:03

As pessoas estão à espera que alguma alma caridosa e milagreira resolva os gravíssimos problemas do país, quando é mais que óbvio que isso jamais acontecerá!

Não pode, nem deve, nem dá para ser só uma pessoa, têm de ser todos! Fiquemos à espera dos políticos e veremos o que irá acontecer. Bom não será certamente.

Infelizmente, caminhamos para um buraco demasiado obscuro.
..:: E PLURIBUS UNUM!!! ::..
VuDu
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Mensagem por VuDu » 11 fev 2009, 20:10

LoL... artigos de (anti-)propaganda politica... que cliché!
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