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Re: A.O. sim, ou "çôpas"?

Enviado: 30 abr 2020, 03:05
por CybeRider
Marco@Bitaites Escreveu:
29 abr 2020, 22:26
CybeRider Escreveu:
27 abr 2020, 17:31
Algum defensor do Acordo poderá ajudar-me a esclarecer por que motivo este excerto de frase extraída do Expresso (leal ao Acordo) está incorrecta seja por que acordo for?

"Nestes dias em que assinalámos 46 anos do 25 de abril de 1974 (...)"

Agradecido em antecipação.
Como se refere a uma data histórica, o "abril" deveria estar em maiúsculas, mesmo com o novo AO.

Conclusão: gralha do Expresso.

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Adenda: não sou defensor do acordo, mas também não sou visceralmente contra como alguns aqui.

"Sim" ou "Sopas"? Prefiro cautela e canja de galinha.
Obrigado, Marco.

Como essa, o 1º de Dezembro, o 1 de Maio, o 5 de Outubro, enquanto mencionados como datas históricas, como dizes. No entanto se dissermos que o António faz anos no dia 1 de maio, aqui já não. E é por subtilezas destas que me custa aceitar este particular acordo.

Eu sei da tua posição em relação ao acordo, leio pontualmente o teu trabalho no outro lado desde há muitos anos. Devia ler mais, bem sei. :)

Não encontro beleza no acordo, em grande parte por sentir que não satisfaz os princípios gerais que se propõe, nem de simplicidade nem de eventual união. Com outros países de língua oficial portuguesa temos mais diferenças de oralidade do que de escrita. Quem vai ao Brasil sabe como é difícil que compreendam a nossa maneira de falar e não é só pela pronúncia.

O exemplo do excerto que usei é que parece haver nesse caso, como na questão do acento do "pára", uma inexplicável preocupação com picuíces que parecem nascidas mais para irar que para compor.

Detalhes como a queda do hífen entre o verbo haver e a preposição não me incomodam, já a queda do hífen em grande parte das locuções me parece uma atrocidade, particularmente das que agora ficam com duplo ésse, ou duplo érre por esse efeito.

Enfim, sobreviveremos. Mas para além da tolerância que já devíamos ter antes para os erros ortográficos do dia-a-dia, de tantos que talvez não tenham tido possibilidade ou dedicação de escrever melhor, por mim falo dos meus, teremos agora também de ter alguma para as pequenas confusões que o Acordo veio criar, como essa que assinalei, que alguns sabem resolver mas que talvez não ocorram à maioria. E o pior é que quanto mais se dificulta a vida a quem tem o dever da boa prática, os que vivem da escrita e que devem servir de orientação aos amadores, mais a opinião pública perde a confiança no seu trabalho e paralelamente na qualidade do que se vai ensinando.

Se achamos que a queda de algumas consoantes simplificou o que já estava enraizado nos bons aprendizes, as pequenas armadilhas criadas trazem para a escrita popular subtilezas de uma complexidade que só existia nos níveis da escrita erudita e parecem feitas à medida de uma crítica mais aguçada de alguns esclarecidos como se houvesse necessidade de criar essa brecha elitista.

Re: A.O. sim, ou "çôpas"?

Enviado: 30 abr 2020, 20:03
por kimba1962
Fui verificar essa do "[ ]... já a queda do hífen em grande parte das locuções me parece uma atrocidade, particularmente das que agora ficam com duplo ésse, ou duplo érre por esse efeito.", como estava à procura de uma palavra dessas, contra-regra, deparei-me com isto:
• Grafia alterada pelo Acordo Ortográfico de 1990: contrarregra.
Ainda não pararam de me chocar estas "acordices", por que razão tem um érre duplo? se ainda fosse "contra regra", chocava menos mesmo que não concordasse.
De vez em quando sou surpreendido com estas coisas, acho que ainda não sei tudo acerca do AO90 afinal de contas. Tenho de ser humilde e aprender todos os dias.

Re: A.O. sim, ou "çôpas"?

Enviado: 30 abr 2020, 20:36
por CybeRider
Exemplos: antirracista, antissocial, cosseno, contrarreforma, antissemita, autorretrato, infrassom, neorrealismo, antirrevolucionário, ultrassecreto.

No entanto porta-retrato mantém o hífen porque o elemento "porta" não é prefixo.

Até dói!

Qual simplificação?

Re: A.O. sim, ou "çôpas"?

Enviado: 30 abr 2020, 23:44
por ssf87
O novo AO é zero.

Re: A.O. sim, ou "çôpas"?

Enviado: 08 mai 2020, 01:08
por kimba1962
A propósito do "reportar" que é português e tem vindo a ser utilizado em vez de "denunciar" ou "relatar".
Qual o substantivo a usar quando se quiser substituir o verbo relatar pelo verbo reportar? "- Tenho de reportar à administração da empresa as conclusões a que cheguei ao terminar este...." "reporte?"... "report?"... "re...quê?"
"...fiz um relato dos acontecimentos de ontem...", ou noutro caso " ...fui assaltado e dirigi-me à polícia para fazer a denúncia..." Nestes casos o substantivo é óbvio, no outro nem estou a ver qual seja, nem se há, nem se é preciso que seja algum.

Não estou a ver a pertinência da mudança, tanto mais que não parece colmatar nenhuma falha que afinal não existia.
No contexto da língua inglesa(report/to report), ou da francesa(raport/raporter), faz sentido.
Já em português, na maioria dos casos reportar nem sequer é o que se pretende dizer ou transmitir.

Sem ironias, pura curiosidade, porque está tão agora na moda usar esse verbo transitivo em situações mais bem preenchidas por outros?

Re: A.O. sim, ou "çôpas"?

Enviado: 08 mai 2020, 12:27
por ssf87
O novo AO é zero.

Re: A.O. sim, ou "çôpas"?

Enviado: 08 mai 2020, 22:22
por otez
Qual acordo novo? Mas que aberração, chiça penico!!! looool

Re: A.O. sim, ou "çôpas"?

Enviado: 09 mai 2020, 01:46
por ssf87
Qual acordo novo é zero. :pt:

Re: A.O. sim, ou "çôpas"?

Enviado: 10 mai 2020, 00:14
por kimba1962
Numa situação real e bem recente, ao dar instruções sobre a acção a seguir por dois comboios, imaginei a frase escrita segundo o AO90 "- Este comboio vem para aqui, aquele para ali"
Que instruções dei em relação ao segundo comboio?

Re: A.O. sim, ou "çôpas"?

Enviado: 10 mai 2020, 13:58
por Crowley666
Ao utilizador que diz que, em caso de se tratar duma tradução, o revisor pode corrigir a grafia, a situação não é assim tão linear.
Desde que, devidamente assinalado, o tradutor pode recorrer ao antigo acordo ortográfico, sem qualquer tipo de penalização.

Este acordo visava uma união mais acentuada entre as diversas grafias do português, no entanto, alguns dos intervenientes recusaram esse mesmo acordo, e mesmo nos países que o adoptaram, há uma percentagem elevada de vozes em desacordo.
Eu sou dos que acredita que o novo acordo ortográfico tira a "estética" à língua... a beleza na grafia está nas suas variadas vertentes, se as tornamos todas iguais, perde-se muito na riqueza textual, que representa cada povo em particular... é nisso que admiro, por exemplo, os povos asiáticos, como a China ou o Japão: eles valorizam a grafia, como um tesouro cultural.
São as pequenas diferenças que trazem a beleza à língua, ao povo... e se nos tornamos todos iguais, cópias uns dos outros, o mundo tornar-se-á insípido, sem sabor algum...